Os desligamentos de funcionários do emprego formal por morte crescem de forma exponencial em 2021, acompanhando a alta de óbitos por conta da pandemia de covid-19.
Nos cinco primeiros meses de 2021, 46.236 pessoas foram desligadas de seus empregos por esse motivo, o equivalente a 87,63% em comparação ao registrado em todo o ano de 2019, quando houve 52.767 casos.
Os dados fazem parte de um estudo da Kairós Desenvolvimento Social a partir das informações do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério da Economia.
O aumento também se dá em relação ao ano passado, que marcou o início da pandemia. Os delisgamentos de 2021 já representam 72,52% de todos os ocorridos em 2020, quando houve 63.756 casos. Em abril de 2020, o número de desligamentos começou a crescer e explodiu em 2021. A situação se agravou a partir de março deste ano, com 11,1 mil, praticamente o dobro em relação ao mês anterior. O recorde mensal da série histórica - iniciada em 2004 - deu-se em abril, com 11,7 mil desligamentos.
O resultado reflete a realidade também fora do mercado do trabalho. O mês de abril de 2021 marcou o recorde de mortes na pandemia, com 82 mil pessoas perdendo a vida. Na avaliação da Kairós, o retrato da pesquisa está relacionado com a pandemia. "Não há nenhum outro fator explicativo para o aumento das mortes a partir do segundo bimestre de 2020. Podem ser vítimas diretas da infecção do vírus ou vítimas indiretas, pelo colapso do sistema de saúde ou receio de comparecimento a postos de atendimento de saúde, por exemplo", afirma.
A extrema elevação do número de mortes de trabalhadores se concentra em atividades que exigem contato pessoal e deslocamento dos profissionais, majoritariamente em atividades de baixa qualificação e remuneração.